quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Textos finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa 2014: dois poemas


Os dois lados do rio
Aluna: Amanda Gabrielly Dutra Alves

Lá de longe eu vi
As crianças ricas no shopping comprar,
Lá de longe eu vi
As crianças pobres no barranco a chorar.

Lá de longe eu vi
As crianças ricas um tacacá saborear,
Lá de longe eu vi
As coitadinhas pobres na poeira se apagar.

Lá de longe eu vi
Os ricos no alagadão em sua lancha ostentar,
Lá de longe eu vi
Os pobres para abrigos se mudar.

Lá de longe eu vi
As crianças ricas ovo de Páscoa ganhar,
Lá de longe eu vi
As crianças pobres o barro moldar.

Lá de longe eu vi
As crianças ricas só estudar,
Lá de longe eu vi
As crianças pobres também da família cuidar.

Lá de longe eu vi
Muitas mudanças o Acre passar,
Mas o rico sempre no domínio
E o pobre, com as lutas, sua mão calejar.

Professor: Alan Henrique Oliveira de Almeida
Escola: Escola Padre Carlos Casavecchia – Rio Branco (AC)

* * *

O meu lugar nas linhas de tantos tempos
Aluna: Miriã de Souza Nascimento

No desenrolar das linhas
É que eu enxergo o meu lugar,
São dois tipos de linhas
Sobre os quais vou lhe contar.

Entenda a origem do nome:
Vem das linhas do papel.
E a economia local:
Das linhas do carretel.

É um nome literário
Que batiza o meu lugar:
“Urupês”, nome de livro,
Pra Lobato eternizar.

O nome “Mundo Novo”
Era o nome anterior,
Por causa do café
E de todo o seu valor.

O interior do Brasil,
Jeca, o caipira doente,
As linhas de Lobato
Conversam com nossa gente.

Então, quiseram mudar,
Trocaram “Mundo Novo”
E puseram “Urupês”,
Com a aceitação de seu povo.

E a terra do grão vermelho
Continuou sua missão,
Produzindo café forte
Para o resto da nação.

Mas essa planta acabou
E depois veio o limão
Para sustentar as famílias
Que não tinham outra opção.

Duas décadas depois,
Outro cenário surgiu
E Urupês se transformou
Num alambique do Brasil.

Há muita cana e limão,
Roda muito caminhão,
Produzindo etanol
Para toda esta nação.

Terra do norte do Estado,
Perto do rio Cubatão,
Hoje é urbana e o que mais tem
É fábrica de confecção.

Para os rios, as chuvas faltaram,
Ninguém vê que a culpa é sua,
Em tempos de tanta seca,
Jogam água até na rua.

Por isso, é nas entrelinhas
Que eu posso assinalar:
Literatura e costura,
Os dois focos do lugar.

E é nas linhas desta história
Que se preserva a memória
De um município pequeno
Onde até o mal é mais ameno.


Professora: Priscila Pereira Paschoa
Escola: E. M. E. F. Professor Athayr da Silva Rosa – Urupês (SP)

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